terça-feira, 29 de setembro de 2015

Conceito de amor por Santo Agostinho

Quando se ama, se conhece, pois amor é conhecimento. É conhecimento de si mesmo, pois o outro é um reflexo do nosso eu e também conhecimento do outro que se traduz em abertura. Portanto, o amor é conhecimento de si mesmo e do outro e só é possível devido ao caráter da retrospectividade.

A retrospectividade é a capacidade de se lançar sempre no ponto de partida, retomando-o a cada instante e dando-lhe significado, atualizando-o na perspectiva de um olhar para o futuro, pois quem ama sente a nostalgia do passado, frui do presente e se lança para além da nostalgia, gozando do presente, vislumbrando a esperança do para sempre que supera todos os tempos. Assim, somente através da retrospectividade é possível escolher o bem, amar o outro e conseqüentemente fazer a experiência da “anima appetitus” que busca o mais profundo do ser. Logo, para irmos até ao encontro do outro é necessário conhecer. Por isso, ninguém ama aquilo que não conhece. Primeiro busca-se conhecer o desconhecido, desvendá-lo e em seguida fazer parte do seu universo. Aquilo que é desconhecido sempre provoca medo e é a partir da superação do medo, pelo conhecimento do ser desconhecido que se começa a amar. “Assim, a realização do amor é a ausência de medo”30, isto é, o amor torna-se o elã relacional, pois o outro já não se torna ameaça porque houve o fatal encontro do olhar profundo da e na alma, que permite ao homem a descoberta e realização antropológicas que implicam conhecimento de si e do outro. Ao mesmo instante que o amor é conhecimento, torna-se amor ao conhecimento, pois quando se ama quer-se conhecer cada vez mais o ser amado. É um desejo que se torna cada vez mais intransponível, que se evidencia pela busca do outro e o encontro de si mesmo presente no outro. “O amor não só não perde nada, mas é acrescido em elevadíssimo grau, pois, ao ver aquela beleza singular e verdadeira e o amará, ainda mais. E não poderá permanecer nessa felicíssima visão senão fixando os olhos com grande amor e não desviando jamais o olhar. Amor Segundo Agostinho

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